domingo, 16 de novembro de 2025

Entre Acordes e Ausências

 

ENTRE ACORDES E AUSÊNCIAS

(Só um desabafo – nada mais que isso)

Às vezes, confesso, me pego cansado.

Não daquele cansaço bonito, que vem depois de um dia de trabalho bem-feito, um trabalho satisfatório, mas um cansaço meio atravessado, que chega como visita inesperada.

João, José, Manoel… nomes que invento para não apontar o dedo pra ninguém em particular, mas que carregam o peso dos famosos da música gospel. Eles não sabem, mas quase derrubaram a página da nossa igreja no Instagram por causa dos tais “direitos autorais”.

Direitos justos, é verdade – não digo que não são.

O trabalho deles sustenta famílias, paga contas, abençoa vidas.

Nada contra.

Mas fico ali, sentado num banco qualquer da PIB Muqui, pensando:

Quando foi que um culto simples, numa noite qualquer, passou a precisar pedir licença para existir? Não estamos vendendo ingressos, nem acendendo luzes coloridas. Estamos só cantando. Cantando a Deus. Cantando juntos. Cantando porque a alma precisa.

Mas o aviso chega, seco: “Pode transmitir sim, desde que pague.”

E eu respiro fundo.

Ainda assim, a questão que mais martela minha mente não é essa – Não são eles. Somos nós.

Por que “nós”?

Porque basta anunciar que um desses nomes famosos vai aparecer no domingo e pronto: os bancos lotam como num milagre instantâneo. Os corredores ganham vida, o estacionamento vira mar, o templo mal comporta tanta gente. Gente boa, gente querida, mas gente que, no domingo anterior, parecia ter evaporado, e vai evaporar de novo no próximo.

E aí me pergunto, com cuidado para não amargar por dentro e nem ferir ninguém: afinal, por que nos reunimos?

Por quem?

Qual é o nome que realmente nos move?

Qual é o Deus que estamos seguindo?

O da cruz simples ou o do palco iluminado?

Não faço essas perguntas por revolta. Faço por preocupação. Porque liderar é também carregar o peso de um espelho que sempre volta o próprio reflexo para nós.

Talvez eu esteja só cansado.

Talvez seja só um daqueles dias em que a alma precisa conversar.

Mas tenho medo de que, no fundo, estejamos afinando o coração no tom errado.

E Deus… esse Deus que não cobra ingresso, que não exige direitos autorais, que não precisa de contrato... esse continua esperando...

Paciente...

Silencioso...

Enquanto nós, distraídos, corremos atrás de aplausos que não iluminam o céu.

Talvez eu só esteja cansado hoje... amanhã é outro dia!

Pr. Walmir – PIB Muqui

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terça-feira, 4 de novembro de 2025

Paz em meio às noites turbulentas

 

PAZ EM MEIO ÀS NOITES TURBULENTAS

“Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, SENHOR, me fazes habitar em segurança.” (Salmos 4:8 RC)

A vida se parece com uma longa viagem de avião: boa parte do tempo transcorre tranquila, mas, de repente, surgem as turbulências – enfermidades, crises financeiras, desavenças familiares, perdas, decepções e medos. Nessas horas, o coração se agita, e o sono foge. Davi viveu algo assim quando escreveu o Salmo 4, provavelmente durante a rebelião de seu filho Absalão. Foi um tempo de dor, traição e insegurança. Ainda assim, ele termina o salmo com uma das mais belas declarações de confiança: “Em paz me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança.”

Davi nos ensina que a verdadeira paz não depende da ausência de problemas, mas da presença de Deus. Mesmo cercado de ameaças, ele decidiu descansar. O verbo “deitar” no original hebraico indica uma ação intencional, uma escolha de confiar. Primeiro ele se deita, depois dorme; a fé precede o descanso. Quando o coração confia, o corpo repousa. É por isso que Davi podia dormir em paz: sua segurança não estava em circunstâncias favoráveis, mas no caráter do Deus que não falha.

Essa paz é dom divino e tem uma única fonte. “Só tu, Senhor”, declara Davi, reconhecendo que nenhuma proteção humana poderia lhe dar o descanso que só Deus concede. O mundo tenta vender paz através do entretenimento, do consumo ou do controle, mas tudo isso é superficial. A paz que Jesus oferece é diferente: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.” (Jo 14.27). É uma paz profunda, que acalma a alma mesmo quando o céu da vida está turbulento.

“Tu me fazes habitar em segurança.” Essa expressão mostra que a paz não é apenas um instante de alívio, mas um estado de vida sustentado por Deus. Habitar é permanecer, é viver cercado pelo cuidado divino. Mesmo exilado, Davi sentia-se em casa na presença do Senhor. E quem habita com Deus vive seguro, ainda que o mundo esteja em colapso.

O Salmo 4.8 é o retrato de uma alma que aprendeu a descansar em Deus. Davi não perdeu o sono porque não perdeu a confiança. Essa deve ser também a confissão de cada crente: “Em paz me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança.” Quando o medo tentar roubar seu repouso, lembre-se: o Deus que cuida de você não dorme.

Se suas noites têm sido turbulentas, entregue suas ansiedades ao Senhor. Ele é o Príncipe da Paz. Nele encontramos descanso verdadeiro, porque quem confia em Deus pode fechar os olhos e dormir em paz, mesmo quando os ventos da vida continuam soprando.

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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A igreja que o inferno não pode vencer

 

A IGREJA QUE O INFERNO NÃO PODE VENCER

Jesus declarou com firmeza: “...edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16.18). Essa afirmação do Senhor é uma das mais encorajadoras de toda a Escritura. Ela nos garante que a igreja, como corpo de Cristo, jamais será destruída. Satanás pode guerrear, pode se levantar com fúria, pode usar todos os seus artifícios – mas nunca conseguirá anular o propósito eterno de Deus. A igreja de Cristo é invencível porque sua base é o próprio Cristo.

Entretanto, o fato de o inimigo não poder destruir a Igreja (no sentido universal) não significa que ele desista de atacar as igrejas locais. Ao longo da história, vemos congregações florescerem e, depois de algum tempo, fecharem suas portas. A obra de Deus continua, mas aquela “agência do Reino” encerra suas atividades. E isso nos ensina que o diabo, embora derrotado, ainda é astuto. Ele tenta, insiste, e muitas vezes consegue minar a saúde espiritual de uma comunidade de fé.

Satanás usa meios externos: perseguições, ataques, difamações, injustiças. Assim como fez com a igreja primitiva, ele tenta silenciar o testemunho cristão pela pressão do mundo.

No entanto, a maior sutileza de suas estratégias está em corromper a igreja de dentro pra fora. Quando o inimigo não consegue destruir a igreja com a espada, ele tenta destruí-la com o pecado. Ele age por meio de crentes que perdem o temor do Senhor e passam a agir de modo carnal: fofocas, divisões, invejas, omissão no serviço cristão, desinteresse pela comunhão e pela adoração. Esses comportamentos, embora aparentemente pequenos, drenam a vitalidade da igreja e geram desânimo em pastores, líderes e irmãos fiéis.

O apóstolo Paulo advertiu os crentes de Corinto: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1 Coríntios 3.16–17). Essa é uma advertência séria. O Senhor não ignora quando alguém, em vez de edificar, trabalha, ainda que inconscientemente, para dividir e enfraquecer Sua igreja. Falar mal, semear discórdia, recusar-se a cooperar com a comunhão – tudo isso é servir, ainda que inconscientemente, aos propósitos do inimigo.

Mas a boa notícia é que há tempo para mudar. Aqueles que têm causado desânimo podem se arrepender, se levantar e se tornar instrumentos de edificação. A graça de Deus é capaz de transformar o crítico em cooperador, o murmurador em adorador, o indiferente em servo fiel. O chamado de Cristo é claro: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras” (Apocalipse 2.5).

Portanto, amados, não desanimemos. O inimigo pode tentar, mas a vitória já é de Cristo. Cabe a nós vigiar, manter a fé, e trabalhar juntos para que a igreja local onde o Senhor nos colocou permaneça viva, firme e frutífera. Se cada membro fizer sua parte com amor, humildade e fidelidade, nenhuma força do inferno conseguirá abalar o testemunho da nossa comunidade.

A igreja de Jesus é indestrutível – mas precisamos lutar para que a nossa igreja local continue sendo uma expressão viva dessa verdade eterna.

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O Temor do Senhor

 

O TEMOR DO SENHOR 

“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” (Provérbios 1.7 – ARC)

1)    “O temor do Senhor”

O termo “temor” não significa pavor ou terror, mas reverência profunda, respeito santo, consciência constante da presença de Deus. É reconhecer que Ele é o Senhor – soberano, justo e santo – e que toda a vida deve se submeter à Sua vontade.

É o temor de um filho, não de um escravo.

Um temor que leva à obediência, não ao afastamento.

2)    “é o princípio do conhecimento”

A palavra “princípio” pode significar “início”, mas também “fundamento” ou “essência”.

Assim, poderíamos traduzir: “O temor do Senhor é o alicerce do verdadeiro conhecimento.”

O autor quer dizer que toda sabedoria autêntica começa por uma postura espiritual correta diante de Deus.

Sem o temor do Senhor, o homem pode ter informação, mas não sabedoria; pode ter ciência, mas não discernimento espiritual.

3)    “os loucos desprezam a sabedoria e a instrução”

O termo “loucos” refere-se a pessoas moralmente insensatas, não necessariamente mentalmente doentes. São aqueles que rejeitam a correção, zombam da verdade e confiam em si mesmos.

Enquanto o sábio submete-se ao temor do Senhor, o tolo vive como se Deus não existisse. Por isso, para o tolo, toda exortação soa incômoda, toda disciplina é ofensiva e todo conselho divino é desnecessário.

Aplicação Devocional:

Este versículo nos lembra que a sabedoria não começa nos livros, mas no coração. Antes de ser intelectual, a sabedoria é relacional: nasce de uma relação correta com Deus.

Temer ao Senhor é reconhecer Deus em cada decisão: no trabalho, nas palavras, nos relacionamentos, na vida espiritual.

Desprezar a sabedoria é viver como se a Bíblia fosse opcional e o Espírito Santo dispensável.

O verdadeiro conhecimento não é acumular dados, mas enxergar o mundo pelos olhos de Deus.

A vida cristã, portanto, é uma caminhada de aprendizado que parte deste princípio: “Sem temor do Senhor, não há sabedoria; e sem sabedoria, o homem se perde.”

Meditação Final:

Quando o crente teme o Senhor, ele encontra segurança, discernimento e paz. O temor de Deus nos impede de pecar, nos guarda da arrogância e nos guia pelo caminho da verdade. Por isso, cada dia deve começar com a mesma confissão do salmista: “Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome.” (Salmo 86.11)

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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Bem-aventurado o que "teme" e "anda"

 

BEM-AVENTURADO O QUE “TEME” E “ANDA”

O Salmo 128.1 (ARC) diz: “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos.”

Erro comum a evitar: achar que porque “DIZEMOS” que tememos e “DIZEMOS” que andamos nos caminhos do Senhor, seremos bem aventurados. A promessa não é para quem “DIZ”, mas para quem, de fato, “teme” e, de fato, “anda”.

TEMER é ter reverência, respeito profundo e submissão ao caráter santo de Deus. É o temor que nasce do reconhecimento de quem Deus é – o Criador, o Santo, o Justo – e de quem nós somos diante dele – criaturas dependentes e pecadoras, sustentadas por sua graça.

ANDAR é uma metáfora recorrente nas Escrituras para o modo de viver, o comportamento cotidiano. Andar “nos caminhos do Senhor” significa seguir a direção estabelecida por Ele, trilhar o caminho da obediência, da justiça e da retidão moral.

A imagem de “andar” sugere movimento contínuo. Não é um ato pontual, mas uma trajetória, um processo diário de fidelidade. Assim, o justo não apenas teme a Deus no coração, mas expressa esse temor em sua conduta. O temor interior gera o caminhar exterior.

Existe uma relação profunda entre TEMER e ANDAR. Temer sem andar é ter uma fé apenas teórica, sem frutos, e até evidência de um falso temor. Andar sem temer é ativismo religioso vazio, sem fundamento espiritual. O salmista une os dois para mostrar que a verdadeira bem-aventurança nasce da reverência interior que produz obediência prática.

Em termos simples:

Ø  O temor é a raiz da vida piedosa.

Ø  O andar é o fruto visível dessa vida.

O coração teme, os pés obedecem. A mente reconhece a santidade de Deus, e a vida responde com santidade de conduta.

Temer é o princípio; andar é o caminho; e a bênção é o destino.

Pense nisso!

Pr. Walmir

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quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Igreja - a importância da presença

 

IGREJA: A IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA

 

“E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros, e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hebreus 10.24-25)

 

A carta aos Hebreus foi escrita para cristãos que estavam sofrendo perseguição e, por isso, alguns estavam se afastando das reuniões da igreja. O autor os exorta a perseverarem na fé e a não negligenciarem a comunhão, pois a vida cristã não se sustenta isoladamente.

 

O verbo “não deixar” traz a ideia de abandonar, desistir, abrir mão. Em outras palavras: quem deixa de congregar começa a enfraquecer, e quem enfraquece se torna presa fácil para o desânimo e a apostasia.

 

A presença é bíblica. 

 

Desde o Antigo Testamento, Deus formou um povo para estar reunido diante dEle. No deserto, Israel se reunia em torno do tabernáculo. Em Jerusalém, subiam juntos para o templo. No Novo Testamento, os cristãos perseveravam “na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2.42). A fé cristã é comunitária por natureza. Não existe cristianismo solitário. A presença é um testemunho de unidade, amor e compromisso.

 

O valor espiritual da presença

 

A presença física na congregação:

v Fortalece a fé, pois ouvimos a Palavra e somos edificados mutuamente.

v Reacende o amor fraternal, pois somos chamados a “considerar uns aos outros” (v.24).

v Renova o ânimo, porque a comunhão gera encorajamento.

v Permite o exercício dos dons, que só têm sentido quando há corpo (1 Coríntios 12).

v Proclama a prioridade de Deus, pois estar presente é um ato de adoração e lealdade.

O cristão ausente do culto é como um tição separado do fogo – esfria. Mas quando volta à chama da comunhão, reacende.

 

O perigo da ausência

 

O afastamento não acontece de um dia para o outro. Primeiro vem a justificativa: “só hoje não vou”. Depois vira costume. Em seguida, vem o esfriamento espiritual.

 

Muitos dizem: “Eu sirvo a Deus em casa.” Mas Deus nunca chamou o crente para servir isolado. O corpo precisa de todos os membros – e cada membro precisa do corpo. Ovelha que se afasta do rebanho corre risco de cair nas garras do lobo. A ausência da igreja enfraquece: a fé pessoal, o testemunho coletivo e a força do ministério local.

 

A presença é também um ato de amor

 

Quando o cristão vem à igreja, ele não vem apenas para “receber”, mas também para abençoar. A sua presença estimula outros. Alguém pode se sentir desanimado, mas ao vê-lo firme, se fortalece. Paulo escreveu aos Romanos: “Para que nos consolemos uns aos outros pela fé mútua, tanto vossa como minha” (Rm 1.12). Cada culto é uma oportunidade de ser presença de Cristo na vida do irmão.

 

Aplicação prática

 

Priorize o culto: planeje a semana em torno do domingo, não o contrário.

Ensine seus filhos a amar a casa de Deus (Sl 122.1).

Valorize também as pequenas reuniões — escola bíblica, oração, grupos de comunhão.

Lembre-se: o culto online é um recurso, não um substituto. Ele ajuda, mas não supre a comunhão real.

 

Conclusão

 

A presença na igreja é mais do que um hábito: é uma confissão de fé, um ato de amor, e um compromisso com o corpo de Cristo. Estar presente é dizer: “Senhor, aqui estou. Eu te amo e quero estar com o teu povo.”

 

“Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18.20).

 

 

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PRIMEIRA IGREJA BATISTA

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Somente em Deus espera e descansa a minha alma

SOMENTE EM DEUS ESPERA E DESCANSA A MINHA ALMA

Salmo 62

Ø  Salmo de Davi

Ø  Destinatário musical: Jedutum, um dos líderes do ministério de louvor instituído por Davi, conforme vemos em 1 Crônicas 16.41-42 e 25.1-3.

Ø  Isso é uma indicação de que, embora nascido de uma experiência pessoal, o salmo foi destinado ao uso litúrgico do templo como um cântico público de demonstração de confiança em Deus.

Ø  Isso é muito normal, ainda hoje – muitos cânticos e hinos nascem de uma experiência pessoal e depois se tornam cânticos e hinos entoados pelo povo de Deus nos cultos de adoração comunitária, como é o caso do hino 398 do nosso amado Cantor Cristão – “Sou Feliz” –, que tem uma das histórias mais comoventes entre os hinos cristãos.

Horatio Gates Spafford (1828-1888) era um advogado presbiteriano de Chicago, convertido através das pregações do evangelista Dwight L. Moody. Ele era casado com Anna Tuben Larssen e tinham um filho e três filhas.

Em 1870, seu filho de apenas 4 anos morreu em consequência de uma febre muito forte. No dia 9 de outubro de 1871, aconteceu um dos maiores incêndios da história dos EUA em Chicago, que matou cerca de 250 pessoas e deixou quase 90.000 desabrigadas. Spafford tinha investido em imóveis na cidade e perdeu tudo no incêndio.

Em 1873, a família planejou viajar para a Europa. Devido a inesperados compromissos de negócios, Spafford precisou permanecer em Chicago, mas enviou sua esposa e suas filhas no navio S.S. Ville du Havre. Durante a travessia do Atlântico, o navio colidiu com um veleiro e afundou. Todas as filhas de Spafford morreram. Anna sobreviveu e enviou um bilhete no dia 1º de dezembro de 1873 com a triste mensagem: "Salva, porém só".

Imediatamente Horatio pegou um navio e foi ao encontro de sua esposa. Quando foi avisado que estava passando perto do local onde suas filhas haviam morrido no acidente, se sentiu profundamente comovido, voltou para sua cabine e começou a escrever as palavras: "Se paz a mais doce me deres gozar/ se dor a mais forte sofrer/ oh seja o que for, tu me fazes saber/ que feliz com Jesus sempre sou".

A melodia foi composta por Philip Paul Bliss em 1876 e cantada por ele mesmo pela primeira vez numa cruzada evangelística. A melodia feita por Philip se chama Ville Du Havre, o mesmo nome do navio em que as filhas de Horatio morreram. Philip Paul Bliss morreu aos 38 anos, em um acidente de trem, dias depois de escrever a melodia.

A tradução para o português é de William Edwin Entzminger (1859-1930).

Este hino se tornou um dos mais conhecidos hinos de conforto e esperança, demonstrando que mesmo nas maiores dores, a fé em Cristo pode trazer paz que excede todo entendimento humano.

Ø  A diferença é que o salmo é de inspiração divina em um sentido especial.

Ø  Entendem os estudiosos que, em termos de evento histórico na vida de Davi que o levou a escrever o salmo, há duas possibilidades, devido ao “tom” do texto:

o   Durante a perseguição de Saul, antes de Davi se tornar Rei, quando ele era traído por pessoas que fingiam apoia-lo, e vivia escondido em cavernas e desertos.

o   Ou durante a rebelião de seu filho Absalão, história registrada em 2 Samuel 15 a 18. E nesse caso os motivos são bem fortes:

§  Davi fala de inimigos que tramam derrubá-lo de sua posição de autoridade (“derribá-lo da sua excelência”, v. 4).

§  Ele se refere à instabilidade dos homens, à traição, e à vaidade dos poderosos, o que combina com a dor que sentiu ao ver o próprio povo se voltar contra ele.

§  O tom do salmo é de maturidade espiritual – não é o jovem guerreiro de 1 Samuel, mas o rei experimentado, provado e humilhado, que aprendeu a esperar em silêncio.

Por isso, a maioria dos estudiosos entende que o Salmo 62 foi composto durante a rebelião de Absalão, quando Davi fugia de Jerusalém, traído pelo filho e por conselheiros de confiança, como Aitofel (2Sm 15.12).

Ø  O contexto histórico dá origem a um contexto emocional profundo:

o   Davi se sente atacado e cercado (vv. 3–4)

o   Ele experimenta mentiras e falsidade (“com a boca bendizem, mas no íntimo maldizem”).

o   As alianças humanas se mostram frágeis.

o   A confiança nas riquezas e posições se revela vã (vv. 9–10).

Ø  E em meio a tudo isso, Davi toma uma decisão espiritual: silenciar e esperar em Deus.

Ø  Essa decisão é o centro teológico do salmo – ele não reage com desespero, mas com fé serena.

Ø  Grave bem esse exemplo de Davi: silenciar e esperar em Deus. Não reagir com desespero, mas com fé serena. Não significa ficar parado sem fazer nada, mas não se desesperar, não se precipitar, agir com tranquilidade e fé. Isso vale para diversas situações: perseguição, dificuldades financeiras, dificuldades na saúde e até em face da morte (porque no seu tempo ela chega para todos), como:

o   Estêvão (o primeiro mártir cristão) – Enquanto era apedrejado, orou: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito" e "Senhor, não lhes imputes este pecado" (Atos 7:59-60).

o   Paulo – Escreveu pouco antes de sua execução: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada" (2 Timóteo 4:7-8).

o   Policarpo de Esmirna (155 d.C.) – Quando exigido que negasse Cristo, respondeu: "Oitenta e seis anos o tenho servido, e nenhum mal me fez; como posso blasfemar do meu Rei que me salvou?"

o   John Huss (1415) – Queimado na fogueira, cantou hinos enquanto as chamas subiam e disse: "Cristo, Filho do Deus vivo, tem misericórdia de mim".

o   D.L. Moody (1899) – Acordou e disse: "A terra se afasta, o céu se abre diante de mim... Isto é glorioso!"

o   Billy Graham (2018) – Viveu com a expectativa do céu, tendo dito frequentemente: "Algum dia você vai ouvir que Billy Graham morreu. Não acredite nisso! Estarei mais vivo do que nunca!"

o   Russel Shedd (2016) – Poucos dias antes de sua partida, ao receber uma visita de membros da Igreja Batista de Atibaia, compartilhou suas reflexões sobre o sofrimento e a morte. Ele disse: "Meus irmãos e amigos, realmente eu não sei o que dizer sobre sofrimento, por causa do fato que eu nunca sofri quase nada, até esses últimos três, quatro meses. Realmente, é uma experiência muito boa, porque a gente sente se desmamando do mundo e pronto para subir. Graças a Deus, Cristo sofreu em nosso lugar para que nós possamos, também, aproveitar a grandeza do Seu amor por nós."

Ø  O salmo reflete uma fé amadurecida e profundamente monoteísta. Davi usa repetidamente a palavra “somente” (’ak em hebraico), sublinhando que nenhuma outra fonte de segurança é legítima:

o   Somente Deus é Rocha (v. 2)

o   Somente Deus é Esperança (v. 5)

o   Somente Deus é Refúgio (v. 8)

Ø  Davi já tinha visto o poder humano ruir, já experimentara o engano de amigos e a fragilidade das riquezas do trono. Por isso, agora ele não se apoia em ninguém mais: nem em posição, nem em exército, nem em influência.

Ø  O Salmo 62 é o cântico de um coração que chegou à conclusão: “Deus basta”. Não há outro refúgio, fortaleza ou salvação além do Senhor.

Ø  Dito isto, analisemos agora, um pouquinho mais, o “texto” do Salmo e as lições que tem pra nós:

1.     Versos 1 e 2 – Deus é a única fonte de descanso e salvação

Ø  Davi começa com uma confissão de fé: sua alma espera em Deus.

Ø  Ele reconhece que a salvação não vem de homens, estratégias ou circunstâncias, mas somente de Deus.

Ø  Deus é descrito como rocha, salvação e defesa – imagens de segurança e estabilidade.

Aplicação:

Ø  E quanto a nós? Onde NÓS temos buscado descanso? Dinheiro, relacionamentos, status?

Ø  É tentador buscar descanso nessas coisas.

o   Quem dera eu tivesse dinheiro suficiente na conta pra nunca mais me preocupar com nada! Comprar uma boa casa, um bom carro, viajar, comprar sem olhar o preço, aproveitar do bom e do melhor desta terra... E, como somos crentes: ajudar os necessitados, ajudar bastante a igreja (quem sabe até sustentar sozinho um ministério?)...

o   Quem dera eu tivesse uma saúde “de ferro”... Eu faria “isso”, “aquilo” e “mais isso”...

o   Quem dera... E por aí vai.

Ø  Quanto à questão da saúde me sinto tentado a colocar aqui o testemunho de Luis Sayão, um dos servos de Deus mais ativos da atualidade:

Luiz Alberto Teixeira Sayão nasceu em São Paulo em 19 de abril de 1963 e é uma das principais referências em estudos bíblicos no Brasil.

Aos 13 anos de idade, sob a influência de seu primo Franklin Sayão (médico missionário) e do pastor Guenther Krieger, Sayão descobriu que sua vida só teria sentido se atendesse à vontade de Deus de dedicar-se ao ministério.

É mestre em hebraico pela Universidade de São Paulo, tendo se graduado em 2000 com a dissertação "O problema do mal no livro de Habacuque".

Sob a inspiração de homens de Deus como Franklin Sayão, Guenther Krieger, Russell Shedd e Manoel Thé, decidiu dedicar-se ao estudo mais aprofundo da própria Bíblia, concentrando-se em teologia, linguística e línguas originais, principalmente o hebraico. Ele chegou a ler 200 livros em um único ano!

Casado em 1987 "com a bênção de Deus chamada Céliz Elaine", conforme ele mesmo faz questão de dizer, Sayão tem cinco filhos.

Um dos testemunhos mais marcantes de sua vida envolve seu filho Daniel, que nasceu com autismo. Seu filho nasceu quando ele escrevia a dissertação sobre o problema do mal, e essa experiência o humilhou e trouxe benefícios extraordinários, dando-lhe mais fé e fazendo-o entender os "benefícios" do sofrimento de modo mais intenso. Seu filho Daniel, que parecia que nunca iria falar, graças a Deus "saiu da concha" e hoje está quase normal.

Luiz Sayão tem um ministério extraordinariamente abrangente:

Tradução Bíblica: Coordenou a comissão que traduziu para o português a Nova Versão Internacional, lançada oficialmente no Brasil em 3 de março de 2001, assim como coordenou a versão Almeida Século 21.

Ministério Pastoral: É o pastor titular e líder fundador da Igreja Batista Nações Unidas (IBNU) em 2007, tendo 32 anos de atuação no ministério pastoral no Brasil e no exterior.

Ensino e Liderança: Foi reitor do seminário Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro, e em janeiro de 2021, assumiu a Direção Acadêmica da Faculdade Teológica Batista de São Paulo.

Mídia e Comunicação: Entre 2020 e 2022 apresentou um programa na rádio RTM Brasil sobre perguntas e respostas sobre questões cristãs, chamado "Conversando com Luiz Sayão". Seu comentário bíblico, apresentado diariamente no programa Rota 66, da Rádio Trans Mundial, é traduzido para o inglês, mandarim, espanhol, francês, ucraniano, alemão, italiano, crioulo da Guiné Bissau, indonésio, árabe e japonês.

O testemunho de Luiz Sayão é marcado por dedicação incansável ao estudo das Escrituras, fidelidade ao ensino bíblico, e uma experiência pessoal profunda de como o sofrimento pode fortalecer a fé.

O pastor Luiz Sayão tem enfrentado sérios desafios de saúde nos últimos anos, que se tornaram um poderoso testemunho de fé em meio ao sofrimento.

Desde janeiro de 2022, Sayão sofre de encefalomielite miálgica, uma inflamação no cérebro que ocasiona dores, alergias e inflamações por todo o corpo, com dores 24 horas por dia. Devido a essas condições, ele precisa suplementar 60 nutrientes por dia e é acompanhado por uma equipe médica multidisciplinar.

Além disso, Sayão sofre com sequelas da Covid-19, que agravaram seu quadro clínico.

O pastor já havia sofrido um pequeno AVC anteriormente. Mais recentemente, em maio de 2025, foi internado em UTI após ser acometido por outro AVC.

O AVC ocorreu no dia 26 de maio de 2025, enquanto Sayão estava no consultório da médica Adriana Dellarole, onde realiza tratamento regular por sequelas da Covid-19, e foi prontamente socorrido. A causa do AVC está relacionada a um defeito congênito: um orifício no coração que permite a formação de coágulos.

Após 12 dias de internação, recebeu alta hospitalar em 7 de junho.

Em julho de 2024, Sayão anunciou um período sabático, cancelando todos os compromissos após uma crise de saúde séria que incluiu subida repentina de pressão, dor de cabeça forte e persistente, três pesadelos terríveis com gritos, choro e movimentos bruscos, e um quadro de abalo emocional bem forte.

Em março de 2025, Sayão compartilhou palavras profundas sobre sua condição: "Minha saúde se foi. Tenho o que chamo de sobrevida... Não estou um pouco doente, que estará bem na próxima semana. Minha saúde se foi. Meu coração e fé estão melhores do que nunca. Não deixarei de servir ao Senhor e de abençoar a todos com a força que me restar".

E concluiu de forma tocante: "Se eu puder ser plenamente grato a Deus por tudo o que ele fez da minha vida, ainda será quase nada diante da graça sem fim que me alcançou em Cristo Jesus. Nunca atingi meu sonho: amar a Deus sobre tudo e amar ao próximo como Jesus. Talvez agora as dores me ensinem".

O caso de Luiz Sayão exemplifica como um servo de Deus enfrenta o sofrimento com fé, gratidão e esperança. Mesmo com dores constantes e limitações severas, ele mantém seu ministério ativo através de vídeos gravados, programas de rádio e ensino, demonstrando que a força de Deus se aperfeiçoa na fraqueza humana.

Sua vida demonstra que erudição bíblica e espiritualidade genuína caminham juntas quando alguém se entrega totalmente ao chamado de Deus.

Ø  Só Deus pode oferecer descanso verdadeiro à alma cansada.

Ø  Em tempos de crise, nossa confiança deve ser exclusiva no Senhor.

2.     Versos 3, 4 e 9 – a vaidade dos inimigos e a fragilidade humana

Ø  Os inimigos de Davi são falsos, traiçoeiros.

Ø  No v. 9, Davi mostra que toda humanidade, seja rica ou pobre, é vaidade – sem valor real comparado com Deus.

Ø  Mesmo quando os homens parecem poderosos, diante de Deus são mais leves que o nada.

Aplicação:

Ø  Sendo assim, não devemos temer o homem, por mais forte ou influente que pareça.

Ø  O valor real não está na posição social, mas na nossa relação com Deus.

Ø  Nossa esperança não pode estar na aprovação humana.

3.     Versos 5-8 – espere somente em Deus – Ele é a nossa Rocha.

Ø  Davi repete o que disse no início, mas agora fala consigo mesmo: ele prega para sua própria alma.

Ø  Esperar em Deus é uma decisão consciente, especialmente em meio à ansiedade.

Ø  O v. 8 é um convite ao povo: “Confiai nele, ó povo, em todo o tempo; derramai perante ele o vosso coração.”

Aplicação:

Ø  Devemos aprender a pregar a verdade à nossa própria alma.

Ø  Em oração, derramar o coração diante de Deus é um ato de fé e rendição.

Ø  Em todo o tempo (bons ou maus), devemos confiar nele.

4.     Versos 10-12 – a ilusão das riquezas e o poder de Deus

Ø  Riquezas, poder humano e opressão são tentações – mas Davi alerta: “não confiem nelas”.

Ø  O poder verdadeiro pertence somente a Deus.

Ø  No v. 12, Davi afirma que a misericórdia também pertence a Deus, e que Ele retribui a cada um conforme suas obras.

Aplicação:

Ø  Nossa segurança financeira ou influência social pode desaparecer rapidamente.

Ø  Só Deus tem poder para sustentar, proteger e julgar com justiça.

Ø  Devemos viver com integridade, sabendo que Deus vê e recompensa.

Concluindo...

Ø  O Salmo 62 nos chama à confiança exclusiva em Deus.

Ø  Em tempos de crise, em meio a traições ou diante das tentações das riquezas, o salmista Davi nos aponta para o único refúgio verdadeiro: Deus, nossa Rocha, Salvação e Esperança.

Ø  Você tem descansado somente em Deus?

Ø  Onde está sua segurança hoje?

Ø  Derrame seu coração diante Dele. Ele é digno da sua confiança!

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

PIB Muqui – quarta-feira, 22 de outubro de 2025 

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